52aa- «Assim fala o Senhor a Ciro, seu ungido...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

  (Ciclo A – Domingo 29 do T. Comum)

 

 “Assim fala o Senhor a Ciro, seu ungido, a quem tomou pela mão direita: «Vou subjugar diante de ti as nações e fazer cair as armas da cintura dos reis, para abrires as portas à sua frente, sem que nenhuma te seja fechada… Por causa de Jacob, meu servo, e de Israel, meu eleito, Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título glorioso, quando ainda não Me conhecias…»”. (Is 45,1-4 / 1ª L.)

 

O profeta Isaías – na segunda parte do livro (ou “Segundo Isaías”) – interpreta os acontecimentos históricos à luz da fé e da confiança no Deus-Javé… Ou seja, onde outros veriam verdadeiros e simples factos históricos ocorridos durante a última parte do exílio dos judeus em Babilónia, o profeta inspirado “vê” a mão de Deus. Trata-se do édito que o rei da Pérsia, Ciro, publicou (por volta do ano 540 a. de C.) para a libertação dos judeus. Em volta deste evento real, o Profeta constrói um “poema teológico”, onde o protagonista é Deus, cuja “providência divina” guia a história humana…

 

A – Estamos, portanto, perante o que se conhece e designa como «causas segundas», ou “meios instrumentais”, de que Deus se serve – normalmente! – para realizar os Seus planos e vontade…

B – Quer dizer, Deus atua, comummente, através de causas humanas e/ou naturais, e só em casos e situações excecionais procede, diríamos, diretamente pelo Seu poder e sem “mediadores”… E assim, verifica-se que, neste campo, muita gente age ou por ignorância ou por temeridade…

A – Atitude que Jesus, no Evangelho, qualifica de “tentar a Deus”. Expressão, aliás, que se pode entender erradamente, quando se pensa que pretendemos induzir a Deus para uma tentação…(?).

B – Basta lembrar o episódio em que Jesus é “tentado” pelo diabo para Se lançar, à vista de todos, desde o pináculo do templo abaixo… Significa que, se Jesus fizesse isso, obrigaria (“tentaria”) a Deus a fazer algo que não é normal. Por isso responde Jesus: “Não tentarás o Senhor, teu Deus!”.

A – Já no AT, além de pôr à prova a Deus por motivos injustificáveis, era frequente a gente abusar da bondade de Deus para fins interesseiros, que não eram razoáveis, ou de consequências imprevisíveis. [Cf.  Dt 6,16; Ex 17,2-7]. É a esta Palavra da Escritura, aliás, a que Jesus se referia…

B – E nestes nossos tempos, quantas vezes, os seres humanos – nas nossas orações de petição – pretendemos obter favores divinos (até pela intercessão dos santos) forçando a Omnipotência de Deus com soluções espetaculares! Na verdade, nisto, pouco evoluímos após tantas gerações!…

A – Porém, quanta razão tem o povo quando repete «Deus escreve direito com linhas tortas»! Querendo interpretar, com essa intuitiva sabedoria popular, o que outros sábios chamam (como acima foi indicado) as «causas segundas» de que Deus se serve habitualmente para agir.

B – É a maneira popular de “interpretar”, quer o texto do rei Ciro, quer o pagar tributo a César, como modos e formas de entender a Providência de Deus, servindo-se de «causas segundas»…

 

A/B: É preciso compreendermos, Senhor Jesus, o proceder do Pai-Deus, Teu e nosso,

que se serve de instrumentos naturais e humanos – por vezes errados ou falhados –

para, ao realizar a sua Vontade Providente, levar a bom termo os Seus planos de

Salvação. Temos de aprender a fazermos a nossa oração ao Pai, em estilo confiado e persistente,

na certeza de que nos dará o melhor, embora às vezes, por modos incompreensíveis…

Para isso, Jesus, vamos contar com os dons de Sabedoria e de Piedade do Teu Espírito…   

               

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net