53aa- «Não prejudicarás o estrangeiro, nem o oprimirás...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

  (Ciclo A – Domingo 30 do T. Comum)

 

“Eis o que diz o Senhor: «Não prejudicarás o estrangeiro, nem o oprimirás, porque vós próprios fostes estrangeiros na terra do Egito. Não maltratarás a viúva nem o órfão. Se lhes fizeres algum mal e eles clamarem por Mim, escutarei o seu clamor… Se receberes como penhor a capa do teu próximo, terás de lha devolver até ao pôr do sol, pois é tudo o que ele tem para se cobrir…” (Ex 22, 20-22.25-26 / 1ª L.).

 

Assim, à primeira vista, não é fácil pensar que este texto bíblico tem já mais de 25 séculos de antiguidade. Está integrado na parte do Êxodo denominada «Código da Aliança» do Sinai, que, como se sabe, recolhe “códigos e leis” de anteriores civilizações vizinhas (como, por ex., o famoso «Código de Hamurabi», na mais antiga cultura mesopotâmica)… Porém, as Leis surgidas no Sinai têm já o selo ou marca de Javé-Deus, o mesmo que, posteriormente, seria chamado de PAI-Abbá, pelo Messias, o Filho, Jesus de Nazaré…

 

A – Num povo como o judeu – com tanto preconceito (e talvez com alguma razão) relativamente a todo o que for estrangeiro e não da sua etnia hebreia – causa surpresa o facto de, no seu “código sagrado”, registarem-se esses preceitos para proteger e defender os estrangeiros

B – E, curiosamente, o motivo que se coloca para esta atenção e cuidado com “o estrangeiro” é, precisamente, por “eles próprios terem sido ‘estrangeiros’ na terra do Egito”. Lógica coerente!

A – Há que reconhecer, aliás, que, também no caso da atenção ao órfão e à viúva, já existiam precedentes interessantes naquele primitivo (e ‘afastado’) «Código de Hamurabi».

B – Mas, nesse sentido, os “judeus principais” do tempo de Jesus ainda estavam, ao que parece, muito aquém dessa cultura mesopotâmica antiga, que se recolhe naquele «código» pioneiro

A – É verdade que quase todos os profetas denunciam abusos contra viúvas e órfãos ao longo de todo o AT, e deixam alertas muito fortes e radicais acerca de como devem ser atendidos…

B – Todavia, quantas vezes Jesus, recolhendo essa tradição profética, denunciou às autoridades judaicas e chamou a atenção de todos para a preferência que o Pai-Deus, e Ele próprio, sentem por todos esses desamparados e desprotegidos, a começar pelos órfãos e as viúvas…

A – Mas a questão dos “estrangeiros” é uma realidade – das mais alarmantes, hoje em dia – dentro da preocupação pelos mais fracos, pobres e desprotegidos: os emigrantes, exilados, refugiados

B – E, ao que parece, esta triste e lamentável realidade nas nossas sociedades atuais, já era comum e preocupante, muitos séculos atrás, quando aquele “povo hebreu” entendeu interpretar a vontade de Javé-Deus ao elaborar aquela Lei ou “Código da Aliança”, com esses preceitos.

A – Apesar de que a missão de Jesus, segundo a vontade do Pai, era dirigida mormente “às ovelhas da casa de Israel”, Ele agia exemplar e amorosamente ao tratar com os “estrangeiros”…

B – Bastará lembrar, entre outros: o episódio da cura da filha da mulher siro-fenícia (Mc 7,24-30); ou o da cura do servo daquele centurião (romano) (Lc 7,1-10); onde, com grande admiração, Ele proclamava, para todos ouvirem: «Em verdade vos digo: nem em Israel encontrei tão grande fé».

 

A/B: Agora, Jesus, não só Te pedimos pelos nossos irmãos emigrantes e refugiados

como também e sobretudo, para que nós saibamos ser solidários, real e ativamente,

com relação a “esses estrangeiros” que chegam até nós, ou a quem o Pai nos envia

– seguindo o teu exemplo quando Te encontravas com pessoas ‘estranhas a Israel’ –… 

                

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net