33aa- «O meu direito resplandece como a luz...

 – A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

( SANTOS e FIÉIS…!? )

 

“…O vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho matutino que logo se dissipa. Por isso vos castiguei por meio dos Profetas e vos matei com palavras da minha boca; e o meu direito resplandece como a luz. Porque Eu quero a misericórdia e não o sacrifício, o conhecimento de Deus, mais que os holocaustos»”. (Os 6,4-6).

 

Realmente, os escritos de alguns profetas não apresentam essa sequência lógica, coesão coerente e clareza que nós desejaríamos… Mesmo assim, há uma parte, no texto, de fácil compreensão: o facto de, os que são inconstantes no amor (“como o orvalho que se dissipa”), serem “castigados por meio dos Profetas”… Mas, logo a seguir, já não se compreende essa conclusão, aparentemente “inconsequente”, ilógica: “Porque Eu quero a misericórdia”… Então!?

 

A – Além disso, há, no Texto, outros “mistérios” ou expressões enigmáticas. Por exemplo, “matei-vos com palavras da minha boca”; expressão que, aliás, não parece digna nos lábios de Deus…

B – E logo esclarece que, ao fazer isso, “o Seu direito resplandece como a luz”. É como se Deus se felicitasse pelo facto de alguém ser castigado e morto. Isso não condiz com “a misericórdia”!…

A – Será preciso, então, encontrar um outro significado, mais profundo, para tentar elucidar o sentido dessa expressão “castigar e matar com palavras da Sua boca”. Máxime, tendo em atenção que, com isso, “o Seu direito resplandece”; «direito» que se refere a «exercer a justiça»…

B – Analisemos aqui alguns textos do Evangelho que podem dar-nos a chave para interpretar este “enigma”. Em certa altura, Jesus dizia aos judeus: “O Pai não julga ninguém, mas entregou ao Filho todo o poder de julgar” (Jo 5,22). Então, será o Filho quem vai julgar com o poder da sua palavra?

A – Porém, existe uma outra passagem evangélica em que Jesus afirma (referindo-Se ao “juízo final” de cada um) que Ele não julgará ninguém. (Jo 12,47-48). Afinal, quem é que vai julgar?

B – Pois é precisamente nesta passagem que encontramos a chave: “Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras tem quem o julgue: a palavra que Eu anunciei, essa é que o há de julgar no último dia”. Portanto, em definitivo, será a Palavra mesma que julgará a todos e cada um!

A – Ou seja, o Pai não vai julgar, mas o Filho também “não quer”, pois Ele di-lo claramente nessa altura: “Não sou Eu que o julgo, pois não vim para condenar o mundo, mas sim para o salvar”

B – E a nossa reflexão final é esta: No fim-do-nosso-mundo (isso que chamamos morte), não esperemos nenhum «tribunal formal», ou qualquer «tipo de juiz» a presidi-lo solenemente… Nesse instante, cada um de nós será confrontado com a VERDADE, à Luz da Palavra. E nada mais!

A – Quer dizer, afinal, cada qual vai julgar-se a si mesmo (!), ao comparar “a sua” verdade com “a Verdade da Palavra de Deus”. E aceitaremos o veredicto, sem qualquer hipótese de engano!!!

 

A/B: Não íamos aceitar de bom grado, ó Pai nosso, que, no limiar do «abraço conTigo»,

deparássemos com um Pai misericordioso transformado em “juiz terrível”…

Agora sabemos que nunca esteve nos Teus planos a “montagem” de qualquer “tribunal”;

e, por consequência, também era impensável para o Teu Filho, Jesus, uma atitude de “juiz”.

Ajuda-nos, Pai, a compreender e viver o que é, e será, a nossa confrontação com a Verdade; que saibamos deixar-nos penetrar pela Luz da Tua Palavra, a única que pode “julgar”…

    

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net