1bb- «Tu, porém, Senhor, és nosso Pai...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – Domingo 1 do Advento)

 

“Só Tu, Senhor, és o nosso Pai; e o Teu nome é, desde sempre, «nosso Redentor»… Porque nos deixas, Senhor, desviar dos Teus caminhos e endurecer o nosso coração? (…) Todos nós caímos como folhas secas; as nossas faltas nos levavam como o vento… Tu, porém, Senhor, és nosso Pai, e nós o barro de que és o Oleiro; somos, todos, obra das Tuas mãos”… (Is 63,16.17; 64,5.7 / 1ª L.).

 

Este Texto – tirado do terceiro livro de Isaías (ou “Terceiro Isaías” – caps 56 a 66) – consta de alguns “excertos” pertencentes a um «poema» (63,7 a 64,11) com forma de “salmo” de súplica coletiva, do género das «meditações históricas»… Trata-se, então, de uma oração confiada, em diálogo familiar com Javé-Deus (tratado por “tu”, no original)… E para entender melhor o “contexto” do que vamos refletir, copiamos aqui, essa parte do versículo, anterior ao início desta 1ª Leitura, e não incluído nela: “Mas Tu és o nosso pai! Pois Abraão não nos conhece e Israel também nos ignora. Só Tu…”.

 

A – Já agora, o primeiro que nos chama a atenção é precisamente esta afirmação – impensável em boca de um israelita – de criticar “Abraão” e “Israel” com essas duras palavras…

B – E ainda por cima para justificar que, por tal motivo, hão de acudir a Deus e tratá-l’O por seu Pai, de uma maneira “familiar”, e repetindo-o por duas e até três vezes, “Só Tu és o nosso Pai!”…

A – Máxime quando resulta tão raro, em todo o Antigo Testamento, atribuir a Javé-Deus o nome de «Pai» (talvez só mais uma ou duas vezes). Sabemos que seria Jesus, no NT, a revelar-nos Deus como o verdadeiro “Pai nosso”, ensinando-nos a chamar-Lhe sempre, carinhosamente, “Abbá”-PAI!

B – Então, o profeta, nesse ambiente de confiança filial, e interpretando o sentir coletivo, se acolhe a Deus como “seu único Pai”. E é aí onde surge essa bela «oração sálmica», rica em sentimentos de ousadia confiada, de humildade filial, de amorosa fidelidade

A – E dado que o consideramos como “nosso Pai” e “nosso Redentor”, ousamos “questionar-Lhe” pelo facto de nos ter “deixado endurecer o nosso coração e desviar-nos dos Seus caminhos”… Ato de ousadia que é, ao mesmo tempo, sinal de sincera familiaridade e de filial confiança.

B – Reconhecemos, sincera e humildemente, que, deixando-nos “levar pelos ventos” das paixões, fomos “caindo como folhas secas” de outono; mas sentimos pesar e franco arrependimento…

A – E assim, conclui, como era de esperar, com uma expressão de dócil entrega nas Suas mãos, porque, apesar de tudo, “Tu, Senhor, és nosso Pai, e nós o barro de que és o Oleiro”.

 

A-B: Senhor Deus, verdadeiro e único Pai nosso,

vamos rezar hoje com este profeta orante, discípulo fiel de Isaías:

«As tuas misericórdias, ó Javé, queremos recordar,

e os Teus louvores, Senhor, por todo o bem que nos fizeste…».

Mas também ficamos entregues nas Tuas mãos amorosas,

pois afinal, «nós somos barro entre os Teus dedos, ó Divino Oleiro»!

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA:

http://palavradeamorpalavra.sallep.net