(Ciclo B – 1º Domingo do Advento)
VIGIAI, VIGIAI, VIGIAI!…
Aquele que conhece, como ninguém, a essência do ser humano, as suas tendências inatas, as suas debilidades e fraquezas… Esse tal tem autoridade moral – também como ninguém – para, a todos avisar dos riscos que correm se “viverem noutras ondas” ou “fora da órbita” que corresponde a este tempo de prova em que nos movemos e existimos… Por isso, a pergunta é esta: Porque será que Cristo, aquele Jesus de Nazaré, repetiu tantas vezes aos discípulos e àquelas multidões o aviso e advertência de «Vigiai, vigiai!»?… Num espaço de meia dúzia de linhas, do Evangelho de hoje, aparece até três vezes esse mesmo aviso, noutras tantas «variações sobre o mesmo tema»: “«Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento… Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá… E o que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!»”. (Mc 13 / 3ª L.).
Sendo assim, há uma consequência clara para todos nós: Deixar-nos levar pela corrente da nossa tendência humana natural – chame-se ela preguiça, hedonismo, distração, egoísmo… – equivale a esbarrarmos, de bruços e inesperadamente, contra esse «corte final» do nosso tempo de prova (tal e qual como “é cortada a trama do tecelão”, no dizer do cântico de Ezequias, em Is 38)! Acontece que, pelo menos os que ouvem a Palavra de Deus – Palavra de Amor, Palavra! – não poderão encontrar qualquer desculpa ou exculpação!…
Ainda bem que, para o nosso conforto e satisfação, os antigos profetas já nos transmitiam aquela imagem de Deus, «como Pai e como nosso Redentor», que nos criou e “nos elaborou”(?) com as suas mãos de artífice amoroso e meigo; Ele que vem até nós uma e outra vez, vezes sem conta, para trazer o descanso e sossego às nossas almas. Eis o que nos diz hoje Isaías, em nome do povo: “Senhor, sois nosso Pai e «nosso Redentor», este é o vosso nome desde sempre… Voltai, por amor dos vossos servos… Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos caminhos… Senhor, sois nosso Pai, e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos a obra das vossas mãos”. Isto, apesar de, tantas vezes, termos sido infiéis a essa bondade e ternura de Pai, como se verifica nestes outros fragmentos do mesmo texto: “Éramos todos como um ser impuro, as nossas ações justas eram todas como veste imunda… Todos nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento… Porque pecámos e há muito que somos rebeldes, mas seremos salvos”… (Is 63 / 1ª L.).
Aos cristãos, que naqueles primeiros tempos viviam na comunidade de Corinto, Paulo envia uma saudação inicial em forma de oração de gratidão a Deus, “nosso Pai”, pelas graças que eles tinham recebido até à data: “Dou graças a Deus, em todo o tempo, a vosso respeito…
Porque fostes enriquecidos em tudo: em toda a palavra e conhecimento… De facto, já não vos falta nenhum dom da graça”…(1 Cor 1). Mas ele fá-lo aqui de olhos postos no “dia de Nosso Senhor Jesus Cristo”. É que, para o apóstolo das gentes, a futura vinda do Senhor Jesus estava mesmo próxima e presente (quase diríamos que parecia nele como que uma obsessão). Tanto assim, que alguém escreveu acerca disto: «Talvez Paulo – sem dar por isso – estava a confundir a “vinda universal e escatológica” com a “vinda que a todos nos importa”, ou seja, a que acontece ao findar as nossas vidas terreais: esse encontro definitivo de Jesus com cada um de nós». E, como muito bem sabemos, a fim de contas, este é «o fim do mundo» que interessa!…
Recolhamos, então, e assumamos nós esta Palavra de Paulo, colocando-nos no lugar e na pele dos nossos irmãos coríntios, até porque hoje é dirigida a nós: “Que, deste modo, se torne firme em vós o testemunho de Cristo… a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele vos tornará firmes até ao fim, para que sejais irrepreensíveis no dia de Nosso Senhor Jesus Cristo”. (1 Cor 1 / 2ª L.).
Se é verdade que Tu voltas sempre, Senhor,
então, a nós, faz-nos voltar para Ti:
mostra-nos o Teu rosto e seremos salvos…
Ainda que nos deixemos envolver
pela indolência e apatia culpáveis
para estarmos distraídos em vez de vigilantes,
pedimos, ó Pai, que Te antecipes
às nossas letargias e sonolências…
Escuta-nos, Tu que és o nosso Pastor:
vem em nossa ajuda e auxílio,
“desperta” a Tua atenção e o Teu poder
quando nós estivermos “adormecidos”…
Ó Pai nosso, divino Oleiro deste barro
moldável e dócil que nós queremos ser:
olha dos céus e vê a vinha que plantaste;
fortalece os rebentos que agora estão a brotar,
estes desejos sinceros de crescer e dar frutos;
e este compromisso firme de vivermos vigilantes…
Continua, ó Pai, a mostrar-nos o Teu olhar sorridente,
mesmo quando nós olharmos para o outro lado!
[ do Salmo Responsorial / Sl 79(80) ]
1 Dezembro, 2017
VIGIAI, VIGIAI, VIGIAI!…
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo B – 1º Domingo do Advento)
VIGIAI, VIGIAI, VIGIAI!…
Aquele que conhece, como ninguém, a essência do ser humano, as suas tendências inatas, as suas debilidades e fraquezas… Esse tal tem autoridade moral – também como ninguém – para, a todos avisar dos riscos que correm se “viverem noutras ondas” ou “fora da órbita” que corresponde a este tempo de prova em que nos movemos e existimos… Por isso, a pergunta é esta: Porque será que Cristo, aquele Jesus de Nazaré, repetiu tantas vezes aos discípulos e àquelas multidões o aviso e advertência de «Vigiai, vigiai!»?… Num espaço de meia dúzia de linhas, do Evangelho de hoje, aparece até três vezes esse mesmo aviso, noutras tantas «variações sobre o mesmo tema»: “«Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento… Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá… E o que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!»”. (Mc 13 / 3ª L.).
Sendo assim, há uma consequência clara para todos nós: Deixar-nos levar pela corrente da nossa tendência humana natural – chame-se ela preguiça, hedonismo, distração, egoísmo… – equivale a esbarrarmos, de bruços e inesperadamente, contra esse «corte final» do nosso tempo de prova (tal e qual como “é cortada a trama do tecelão”, no dizer do cântico de Ezequias, em Is 38)! Acontece que, pelo menos os que ouvem a Palavra de Deus – Palavra de Amor, Palavra! – não poderão encontrar qualquer desculpa ou exculpação!…
Ainda bem que, para o nosso conforto e satisfação, os antigos profetas já nos transmitiam aquela imagem de Deus, «como Pai e como nosso Redentor», que nos criou e “nos elaborou”(?) com as suas mãos de artífice amoroso e meigo; Ele que vem até nós uma e outra vez, vezes sem conta, para trazer o descanso e sossego às nossas almas. Eis o que nos diz hoje Isaías, em nome do povo: “Senhor, sois nosso Pai e «nosso Redentor», este é o vosso nome desde sempre… Voltai, por amor dos vossos servos… Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos caminhos… Senhor, sois nosso Pai, e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos a obra das vossas mãos”. Isto, apesar de, tantas vezes, termos sido infiéis a essa bondade e ternura de Pai, como se verifica nestes outros fragmentos do mesmo texto: “Éramos todos como um ser impuro, as nossas ações justas eram todas como veste imunda… Todos nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento… Porque pecámos e há muito que somos rebeldes, mas seremos salvos”… (Is 63 / 1ª L.).
Aos cristãos, que naqueles primeiros tempos viviam na comunidade de Corinto, Paulo envia uma saudação inicial em forma de oração de gratidão a Deus, “nosso Pai”, pelas graças que eles tinham recebido até à data: “Dou graças a Deus, em todo o tempo, a vosso respeito…
Porque fostes enriquecidos em tudo: em toda a palavra e conhecimento… De facto, já não vos falta nenhum dom da graça”…(1 Cor 1). Mas ele fá-lo aqui de olhos postos no “dia de Nosso Senhor Jesus Cristo”. É que, para o apóstolo das gentes, a futura vinda do Senhor Jesus estava mesmo próxima e presente (quase diríamos que parecia nele como que uma obsessão). Tanto assim, que alguém escreveu acerca disto: «Talvez Paulo – sem dar por isso – estava a confundir a “vinda universal e escatológica” com a “vinda que a todos nos importa”, ou seja, a que acontece ao findar as nossas vidas terreais: esse encontro definitivo de Jesus com cada um de nós». E, como muito bem sabemos, a fim de contas, este é «o fim do mundo» que interessa!…
Recolhamos, então, e assumamos nós esta Palavra de Paulo, colocando-nos no lugar e na pele dos nossos irmãos coríntios, até porque hoje é dirigida a nós: “Que, deste modo, se torne firme em vós o testemunho de Cristo… a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele vos tornará firmes até ao fim, para que sejais irrepreensíveis no dia de Nosso Senhor Jesus Cristo”. (1 Cor 1 / 2ª L.).
Se é verdade que Tu voltas sempre, Senhor,
então, a nós, faz-nos voltar para Ti:
mostra-nos o Teu rosto e seremos salvos…
Ainda que nos deixemos envolver
pela indolência e apatia culpáveis
para estarmos distraídos em vez de vigilantes,
pedimos, ó Pai, que Te antecipes
às nossas letargias e sonolências…
Escuta-nos, Tu que és o nosso Pastor:
vem em nossa ajuda e auxílio,
“desperta” a Tua atenção e o Teu poder
quando nós estivermos “adormecidos”…
Ó Pai nosso, divino Oleiro deste barro
moldável e dócil que nós queremos ser:
olha dos céus e vê a vinha que plantaste;
fortalece os rebentos que agora estão a brotar,
estes desejos sinceros de crescer e dar frutos;
e este compromisso firme de vivermos vigilantes…
Continua, ó Pai, a mostrar-nos o Teu olhar sorridente,
mesmo quando nós olharmos para o outro lado!
[ do Salmo Responsorial / Sl 79(80) ]