– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – Domingo 17 do Tempo Comum) 

 

“Irmãos: Sepultados com Cristo no batismo, também com Ele fostes ressuscitados … Deus fez que voltásseis à vida com Cristo e perdoou-nos todas as nossas faltas. Anulou o documento da nossa dívidacravando-o na cruz” (Cl 2,12-14 / 2ª L.).

                                                                              

 Aquela controvertida polémica acerca do problema dos “anjos como espíritos superiores” era frequente, por aqueles tempos, nessas cidades sob a alçada de Éfeso, como são Laodiceia, Hierápolis e a própria Colossos donde era a comunidade cristã destinatária desta Carta. O facto de esta comunidade não ter sido fundada diretamente por Paulo (foi-o por um seu discípulo) e de não a conhecer pessoalmente, além do ‘estilo literário’ da carta, não tipicamente paulino, faz pensar na hipótese de não ter sido escrita diretamente (embora inspirada) por Paulo. Seja como for, também nesta carta – como noutras – aparece clara a posição do Apóstolo acerca dos tais ‘espíritos angélicos’: «Os poderes e funções – atribuídos pelos ‘judeu-gnósticos’ aos ‘anjos’ – Paulo atribui-os ao Cristo-Cósmico, Filho de Deus» [D.B.- Difusora Bíblica].

 

A – Numa passagem anterior, desta mesma Carta, S. Paulo deixa bem clara a situação que ocupa Cristo Jesus a respeito dos ‘espíritos angélicos’: “Foi n’Ele que tudo foi criado, no céu e na terra, o visível e o invisível, Tronos e Dominações, Principados e Potestades…” (Cl 1,16…).

B – A 1ª Carta de Pedro por seu lado (e alguns textos afins do Apocalipse) confirma esta questão, ao esclarecer: “A Ele – Cristo – submeteram-se os Anjos, Dominações, Potestades…” (1 Pe 3,22).

A – Quanto a Paulo – ao apresentar Jesus como Deus e homem – conclui: “Ele é anterior e superior a tudo”. Fica então bem patente para quem (no meio “daquela confusão”?) o quiser entender!

B – Ora bom, “se tudo subsiste n’Ele, por Ele e para Ele” (v.17), é ‘natural’ – ao nível da fé! – que seja também Ele, Cristo Jesus, o Protagonista, agora “na Redenção”, como antes “na Criação”.

A – Neste sentido, não esqueçamos o que Ele próprio tinha dito: “Eu, quando for erguido da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32). Afirmação que só pode ser interpretada em clave de Redenção.

B – E assim, compreende-se a lógica deste silogismo: “Erguidos com Cristo na cruz” – portanto, mortos e “sepultados com Cristo no batismo”“também com Ele seremos ressuscitados”!

A – Quer dizer, Paulo ‘traduz’ tudo – na linha da Redenção – no sentido de: “Tendo sido perdoadas as nossas faltas e pecados… é Deus quem nos faz voltar à vida, em Cristo, pela Ressurreição”.

B – Só então – e como conclusão desta façanha divino-humana de Cristo Jesus – fica evidente para todos a ousadia de Paulo ao afirmar: Anulou o documento da nossa dívida cravando-o na cruz”!   

 

A-B: Sabemos que os nossos irmãos – antepassados e pais na fé – daquelas primeiras

comunidades cristãs… já proclamavam este “hino de louvor”, que nós fazemos nosso:

“«Tu, Jesus, que és a imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criatura;

 porque foi em Ti que todas as coisas foram criadas, no céu e na terra,

as visíveis e as invisíveis… todas as coisas foram criadas por Ti e para Ti…

E todas elas subsistem em Ti, que és a Cabeça do Corpo, que é a Igreja.

O princípio, o primogénito de entre os mortos, para seres o primeiro em tudo…

 Porque foi em Ti, Jesus, que aprouve a Deus fazer habitar toda a plenitude,

 e, por Ti e para Ti, reconciliar todas as coisas, pacificando, pelo sangue da Tua Cruz,

tanto as que moram na terra como as que habitam no céu»”. (Cl 1,15-20)

  

 

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