– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – Domingo 25 do Tempo Comum)  

  

“… «De facto – dizia Jesus – os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes. Ora, Eu digo-vos: Arranjai amigos com o vil dinheiro, para que, quando este vier a faltar, eles vos recebam nas moradas eternas. Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas coisas pequenas também é injusto nas grandes»”. (Lc 16,8-10 / 3ªL.) 

 

 

O texto vem na sequência da “parábola” designada como “do administrador sagaz”. E é neste contexto que podemos e devemos entender as breves reflexões que aqui faz Jesus, relativas quer ao “vil dinheiro” quer sobretudo à “fidelidade” e à justiça. O tal ‘administrador’ foi sagaz, astuto, perspicaz… como resultado de, inicialmente, ter sido infiel, desonesto, injusto… E o senhor daquele servo ‘administrador desleal’, no fim, não louva, a sua maldade – como é evidente – mas apenas o ‘ter agido’, posteriormente, ‘com sagacidade e argúcia’. Quer dizer, soube aproveitar o dinheiro e os bens materiais para ‘ganhar amigos’ – de uma outra ‘dimensão’ – ‘amigos’ de que, logo, iria precisar…

 

A – É triste constatar – como o próprio Jesus notou – que, nesta sociedade do mundo, “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”, nas relações e “trato com os seus semelhantes”!

B – Noutra altura, Jesus, tinha-nos advertido: “Sede sagazes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16). Mas será assim tão fácil conjugar estas coisas, que até parecem excludentes?…

A – Desde logo, estes dois animais – a pomba e a serpente – que, por sinal, são inimigos (no ‘reino animal’ da ‘vida natural’) dificilmente serão ‘conciliáveis’… Só na dimensão transcendente! [Is 11,6…].

B – Aliás, embora continue a ser verdade que “não podemos servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24), agora Jesus nos surpreende com esta provocação: ‘Utilizai o vil dinheiro para negociar a eternidade!’.

A – Paulo, por seu lado, numa das suas Cartas, faz esta afirmação: “A raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” (1Tm 6,10). E é sinal de que era um perigo a evitar, já naquelas primeiras comunidades.  

B – Então, como podemos nós “arranjar amigos” – e de que tipo? – através do ‘metal’, que se usa normalmente para compra-venda de ‘bens materiais’ (mais para o corpo do que para o espírito)?…

A – Não estará a ‘chave’ desta questão na afirmação que faz Jesus (como coisa assente, patente e incontestável): «Quem é fiel-infiel nas coisas ‘pequenas’ também é fiel-infiel nas ‘grandes’»?…

B – Pois. Mesmo que pareça ilógico (já que o lógico seria ser fiel nas coisas grandes e esquecer as pequenas) para Jesus – mais uma vez!? – há que começar pelo ‘pequeno’ para chegar ao ‘grande’!

A – Por isso, tal como “os filhos da luz” têm de aprender a boa sagacidade dos filhos das trevas (ou “filhos deste mundo”)… também os infiéis e injustos terão que aprender dos fiéis e justos (!?).

 

A-B: De que tipo, Jesus, serão os “amigos que nós devemos arranjar” com o vil ‘metal’?

Tu nos dizes que são daqueles que possam “receber-nos nas moradas eternas”;

o que significa que são dos ‘bons amigos’, ou porque já estão na vida eterna

ou porque – devido à sua vida cá – nos precederão na entrada nas moradas eternas!

Ilumina-nos Tu, Jesus, através do Teu Espírito, para sermos “filhos da luz”;

e ajuda-nos a compreender também esta Tua ‘provocadora’ Palavra,

para aprendermos a “negociar” – com os bens de cá – a Vida do Além!

 

  

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