———-  [ 48.Ccc- Domingo.25-Comum ]

===   Escutai bem, vós que espezinhais o pobre e quereis eliminar os humildes da terra. Vós dizeis: «…Compraremos os indigentes por dinheiro e o pobre por um par de sandálias…». Mas o Senhor jurou contra a soberba de Jacob: «Nunca esquecerei nenhuma das suas obras»”. (Am 8,4.6-7 / 1ªL)

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Se o Senhor está da parte dos pobres,

dos pequenos, dos fracos deste mundo,

como é que um ser humano vai se opor

a Deus e combater Seus “preferidos”?

Bem sabemos, aquela afirmação:

«Deus pequeno, Deus imenso». Lembram-se?

Constatação “chocante”(!) mas real!

Quem buscar Deus “pela violência bruta”,

achará o Deus Imenso, Omnipotente!

Quem busque o Deus pequeno, humilde e frágil,

há de encontrar o Deus meigo, amoroso,

capaz de “comover-Se nas entranhas”

perante os que procuram só Amor…

Porém, este Deus – fiel, humilde e simples –

quando chegar “a hora da verdade”,

nunca deixa de ser Omnipotente,

lá onde for precisa omnipotência

contra aqueles – fechados na maldade –

que “espezinharam pobres e inocentes”,

que também destruíram ‘pequeninos’(!),

velhinhos e doentes “descartáveis”;

que escravizaram os seus semelhantes

até os triturar e aniquilar!…

Contra estes será um Deus inexorável

(“contra aquela soberba de Jacob”)

Embora com os braços sempre abertos

– como o “pai do pródigo arrependido”

de Coração ardente no Amor,

capaz de dissolver todo o pecado

– que também nisto é Omnipotente(!) –.

Caminhemos então – melhor, corramos!

pelos caminhos do bem, da bondade

– as sendas que percorrem os “pequenos”

e acharemos o «Deus pequeno-imenso»,

Criador – no Amor – de Todos nós!

 

« Virgem poderosa, Refúgio dos pecadores, S. José, Modelo dos trabalhadores,…     [Da: «LADAINHA» de Nossa Senhora…]

Hoje contemplamos, Mãe, os dois ‘polos’ opostos nas vidas humanas e, em particular, nas vidas dos cristãos: Quer os que buscam, por cima de tudo, o poder, a força e o domínio –sem se deterem a pensar que nada têm a fazer, ao se enfrentarem ao Deus Omnipotente, mas que também nada vão conseguir contra Ti, ó “Virgem poderosa”–. Quer os que (no ‘polo’ oposto) procuram en todo o tempo – com humildade e paciência – a verdade simples, a pobreza evangélica, a honestidade no trabalho, a promoção da justiça e da paz em toda a parte… Estes são ‘os pequenos do Evangelho’ que, como Tu e o teu Santo esposo José, trabalham – humilde e honestamente – para mostrar a todos (mais com obras do que com palavras) qual é o caminho a seguir para se encontrarem, certamente, com o «Deus pequeno – Deus imenso». Para uns e outros, o teu esposo José, “modelo dos trabalhadores”, será, conTigo, o exemplo a seguir nos trabalhos diários… E para todos, Mãe, mas sobretudo para os primeiros (mais presos no pecado), ó “Refúgio dos pecadores”, serás sempre ‘Âncora de Salvação’.

 

                   –—- Da «Outra Poesia» —–    

  — «Meu pequeno pastor» —

(e um Patrão exemplar)

 

Eu dormi esta noite no monte,

com o ‘meu pastorinho’ das vacas.

Sobre o chão estendeu, para ambos,

o rapaz sua minúscula manta;

e ele quis se despir – coitadinho! –

da blusinha e fazer-me almofada!

Uma noite solene de junho,

uma noite de junho bem clara:

os vales dormiam,

coruchas cantavam,

soa algum chocalho,

arrotam as vacas.

E uma lua de luz amorosa,

presidindo a atmosfera diáfana,

inundava os céus tranquilos

de doçuras sedantes e calmas.

Ó noites, ó noites,

ó horas, ó auras;

a fazer-se de aço os corpos,

a fazer-se de ouro as almas!

E o menino sozinho vivia!

Dava-me uma lástima

só lembrar que, nos campos desertos,

tão sozinho como ele se achava,

nas noites de junho,

rutilantes, medrosas, caladas;

nas húmidas noites de outubro,

quando o vento remexe nas ramas;

nas noites do turvo fevereiro,

tão negras, tão bravas,

com lobos e cárabos,

com ventos e águas…!

Só lembrar que, dormido, puderam

calcá-lo as vacas,

ferrar-lhe nos lábios

horrendas tarântulas,

matá-lo os lobos,

comê-lo as águias…!

– Pastorinho meu,

quão amargo é o pão que eu te dava!

(Eu tinha um filhinho pequeno

– filho da minha alma,

que jamais o deixei se sua mãe

não pousava sobre ele as asas! –

E se um homem duro

lhe vendesse as coisas tão caras…!).

Mas, o que vão falar meus amores

se o pequeno pastor destas vacas

tem também seus pais

com ternas entranhas?…

Eu dormi junto dele esta noite,

e nas horas de mais funda calma,

falou-me a consciência

– quão duras palavras! –

E lhe disse que sim, que era horrível,

que chorando minha alma já estava…

O petiz dormia

cara ao céu e com plácida calma;

mas a luz da lua

puro beijo de mãe lhe brindava;

o beijo de pai

minha boca pousou em sua cara…

E lhe disse com voz de carinho,

quando vi clarear a alvorada:

– Acorda, meu moço,

que já chega a alba

e faremos aqui um lume grande

e um pequeno-almoço bem rico! ¡Levanta!

Tu ficarás logo

guardando as vacas,

mas, à noite, irás para a casa.

Deixa-as sozinhas,

Santo António bendito as guarda…!

Logo à noite lhe dizes à mãe

“que vá a minha casa”,

porque tu já és grande

e quero aumentar-te a ‘soldada’.

(J. Mª. Gabriel e Galán / Adaptado)

 

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