– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – Domingo 26 do Tempo Comum)  

  

“O rico insistiu: ‘Então peço-te, ó pai Abraão, que mandes Lázaro à minha casa paterna – pois tenho cinco irmãos – para que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento’. Disse-lhe Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas: que os oiçam’. Mas ele insistiu: ‘Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão’. Abraão respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos’»”. (Lc 16,27-31 / 3ª L.).

                                                                                            

Para centrar este texto – conclusivo do Evangelho de hoje – e lembrar o seu cenário ‘transcendente’, resumimos esquematicamente a «Parábola do rico e de Lázaro», à qual pertence. Estamos na parte do Evangelho de Lucas, em que são reunidos, de uma forma um tanto ‘artificial’, mas ao mesmo tempo ‘original’, os factos e conteúdos doutrinários de Jesus, colocados numa perspetiva pascal, etapa conhecida precisamente como “Subida de Jesus a Jerusalém” pela última vez… Esta parábola apresenta um contraste: O rico, vestido luxuosamente que se banqueteava esplendidamente, e um pobre, Lázaro, sentado junto do seu portão, cheio de fome e coberto de chagas, ignorado pelo rico… Após a morte destes dois protagonistas (agora com sortes opostas às que tiveram na terra) tem lugar o diálogo do nosso texto, entre Abraão (no ‘Céu’ com Lázaro) e o rico (“sepultado” no ‘Abismo’)…

 

A – Perante esta situação, que pode parecer-nos de ciência-ficção, mas que Jesus apresenta como dentro de uma “transcendência real”, cabem duas atitudes opostas: ou aceitar ou negar

B – Mas, em qualquer caso, terá de haver a mínima sinceridade e coerência que exige a resolução de toda e qualquer questão relacionada com os acontecimentos “escatológicos”, isto é, aquelas realidades que sucedem – inevitavelmente! – no fim desta nossa etapa “espácio-temporal”!

A – Antes de mais, resulta misterioso que Jesus ponha em boca do rico palavras de ‘amizade e caridade’ para com os seus ‘irmãos’, palavras que parecem impróprias de um ‘condenado’ (!?)…

B – O que pede o rico a Abraão é que “mande Lázaro para a sua casa paterna”, ou seja, que volte à vida mortal (o que resultaria espetacular, um milagre!) para eles se converterem antes da morte…

A – Abraão, porém, responde-lhe que já têm, na sua vida terrena, “Moisés e os Profetas”, quer dizer, a Palavra da Escritura Sagrada, que podem escutar, ler… – e viver! – para chegar a essa conversão

B – Todavia, nós preferimos nesta vida as “respostas” rápidas, diretas, “espetaculares”, tal como faz “o rico”, ao insistir: “Mas se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão”. Como somos cegos!…

A – No entanto, Jesus tem as coisas muito claras, e sabe o que diz, ao afirmar: “Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos”!

B – Assim sendo: O facto de pensarmos que “a gente vai reagir perante milagres” sem querer aceitar as ‘outras vias’ próprias desta nossa vida terrena e mortal… não passa de pura ilusão! Grande erro!

 

A-B: Livra-nos, Senhor Jesus, de nos deixarmos envolver pelos ‘prazeres dos sentidos’!

E longe de nós o ficarmos insensíveis, indiferentes… perante os pequenos’ e ‘pobres’!

Ajuda-nos, Jesus, a trabalharmos pela verdadeira conversão dos pecadores

– nunca apostando em meios fáceis e ‘espetaculares’ que não produzem “frutos”! –

mas usando os meios ‘convenientes’… quando ainda é “o tempo da graça de Deus”.

Que saibamos, Jesus, “escutar e viver esta Palavra” e transmiti-la aos outros!

 

 

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