– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – Domingo 27 do Tempo Comum)  

  

“Os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé». O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia”. (Lc 17,5-6 / 3ª L.).

                                                                                            

Como já foi indicado, esta parte (IV) do Evangelho de Lucas corresponde à denominada “Subida de Jesus a Jerusalém”; e seria  ‘a última’, das várias “subidas” que teria feito nos aproximadamente três anos da Sua vida pública. Lembremos, igualmente, que os factos e doutrina apresentados por Lucas estão envolvidos na atmosfera – cada vez mais próxima – do “Evento Pascal”…  Neste caso, Jesus está a fazer algumas recomendações aos discípulos: acerca dos inevitáveis escândalos… e da correção e perdão do irmão que ofende…. E é nesta questão que – perante a petição (oração) dos Apóstolos, «Aumenta a nossa fé» – Jesus lhes (nos) surpreende com uma resposta enigmática, incrível… desconcertante (mais uma vez)!

 

A – Perante a menção do “grão de mostarda”, não podemos esquecer que Jesus tinha deixado claro, noutra parte, que ‘o grão’ (semente) de mostarda “é a mais pequena de todas as sementes” (Mc 4,31).

B – Trata-se, mais uma vez, da afeição, predileção ou preferência, que Jesus tem pelo “pequeno” ou “pequenino”, como lembrávamos numa das últimas reflexões («‘começar’ pelo ‘pequeno’, para…»).

A – E, desde logo, esta resposta de Jesus é mesmo radical e desconcertante, embora a petição dos Apóstolos fosse correta e exemplar como modelo de oração breve e humilde, ao reconhecer a falha.

B – Curioso, aliás, constatar que a própria oração que eles fazem, para pedir “aumento de fé”, supõe já a existência dessa “mesma fé”; ou então, não teria sentido a sua oração espontânea e confiada.

A – Podemos, pois, imaginar que, no contexto presente, estariam a conversar com Jesus acerca de temas (os que indicamos na introdução ou outros?) que exigem um mínimo – ou um máximo – de fé.

B – Seja como for, a resposta inesperada e ‘chocante’ de Jesus (“fé como um grão de mostarda”) dá a entender que – se a fé for autêntica – não importa ‘o seu tamanho’(?) para ser infalível e eficaz!

A – Porém, não deixa de ser excessiva e desorbitada a “comparação” de Jesus, como corresponde aos excessivos ‘exageros’ próprios da literatura oriental (‘semita’), não só daquele tempo e lugar…

B – O que quer dizer, então, “transplantar uma amoreira” assim [ou “deslocar um monte” (Mt 17,20)]? A não ser o que Jesus afirma nessa mesma altura (Mt 17): “Nada vos será impossível!”

A – Pois é. Mesmo que continue a ser um mistério (!), a verdadeira fé (ainda que pequenina) é capaz de tudo! Até porque “ser pequenina a fé” pode significar ser humilde, sincera e confiada, ou seja, fé sempre em sintonia com a Vontade Amorosa de Deus, para Quem “tudo é possível”!

 

A-B: É verdade, Jesus, que para saber “corrigir e perdoar o irmão que nos ofende”,

tal como para evitar “escandalizar os pequenos e simples” de que Tu falavas

(ou para “curar um jovem epilético”, pois os discípulos “não foram capazes”)

é preciso ter fé verdadeira, que pode ser, ao mesmo tempo,pequena e imensa’ (como ‘Deus’!),

caso daquela “mãe cananeia (fé ‘humilde’ mas ‘ousada’!) que Te pedia a cura da filha” (*).

Ou seja: Para se realizar qualquer coisa – querida ao Pai! – mesmo que nos pareça impossível!

Então, vamos orar, Jesus, como aqueloutro pai (**): “Eu creio, mas aumenta a minha pouca fé”!

(*)- (Mt 15,21-28). // (**)- (Mc 9,24).

 

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