Is 25,6.8: “Sobre este monte, o Senhor do Universo há de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos… Destruirá a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio”. // Mt 22,11-12: “…O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial, e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’. Mas ele ficou calado. O rei disse então aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores’…”. // Fl 4,13.19: “Tudo posso n’Aquele que me conforta. No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição. O meu Deus proverá com abundância a todas as vossas necessidades, segundo a sua riqueza e magnificência, em Cristo Jesus”.

 

D – «O SENHOR HÁ DE PREPARAR UM BANQUETE SUCULENTO… DEUS ENXUGARÁ AS LÁGRIMAS DE TODAS AS FACES…» (Is 25)

O – …O REI, QUANDO ENTROU… DISSE ÀQUELE HOMEM: «AMIGO, COMO ENTRASTE AQUI SEM O TRAJE NUPCIAL?»… (Mt 22)

C – TUDO POSSO N’AQUELE QUE ME CONFORTA… O MEU DEUS PROVERÁ ABUNDANTEMENTE ÀS VOSSAS NECESSIDADES (Fl 4)

 

O – Temos – todos os humanos – a experiência da fome e da sede, e sentimos o gosto pelos alimentos, tanto mais quanto os alimentos sejam melhores e mais apetitosos… tudo derivado do “instinto animal” de conservação. Assim sendo, é normal que ‘sonhemos’ com o melhor “banquete”, para a Vida Eterna.

C – De resto, e pensando nesta realidade com mais atenção, se restringirmos a Glória futura a um suculento e variado banquete – por muito requintado que este seja – reduzimos o ser humano a pouco mais do que um animal irracional (com todo o respeito e carinho por estes nossos ‘irmãos menores’!).

D – Com certeza. E quando o Filho Jesus, afirma que o Pai Deus – que criou e ama todo o ser vivo – “veste os lírios do campo” e “alimenta as aves do céu”, também acrescentou: “Vós valeis muito mais”, porque sois ‘de uma outra dimensão’: vós sois filhos de Deus! (Cf. Mt 6,25-34 e Lc 12,22-32).

O – Isso é claro e ficou assente. Mas, nesse «peculiar banquete», a que todos parecem estar convidados, poderão participar todos?; isto é, ‘entrar, sem mais’, todos? “Também os cachorrinhos”? (Mc 7,24-30).

C – É evidente que todas as coisas importantes – e mais ainda as transcendentes! – têm as suas exigências condicionais. Tudo exige um treino, uma preparação. É como dizer: Toda a pessoa tem de ser ‘consciente’ do que significa aceitar esse convite e participar nessa “Festa, Felicidade, Glória…”.

D – E é fácil de compreender que, se essa tal preparação (‘ter consciência’!) não existir, não seria possível – mesmo que se quisesse – gostar, saborear, gozar, conviver, numa palavra, ser Feliz com Outros!

O – Bem entendido, também, que esse tal treino-preparação não é tão difícil que não possa ser realizado por todos! Poderá ser mais ou menos duro e árduo, mas “tudo podemos n’Aquele que nos conforta”!… E então, sim, afinal: «Deus enxugará ‘todas’ as lágrimas… e destruirá a morte» para ‘todos’!

 

’ X — Como se costuma dizer, teremos de encontrar o ‘equilíbrio de forças’ próprio, para resolver esta questão, à primeira vista “complexa”: Por um lado, o Pai-Deus – já desde o AT e mais uma vez através dos profetas (Isaías, neste caso) – organiza um banquete (eterno!?) para todos. E é preciso sublinhar o ‘todos’, porque aparece confirmado, sucessivamente, por diversos modos: “preparado para ‘todos’ os povos”; “arrancará o véu de luto que encobre ‘todas’ as nações”; “enxugará as lágrimas de ‘todas’ as faces”; “aniquilará a morte para sempre”… Como se vê, não há marcadas exceções nem limites! Bom, mas por outro lado – e ao que parece – o Filho desse mesmo Pai-Deus, na parábola paralela (do ‘outro banquete real’) parece marcar um limite e pôr uma condição: o tal ‘traje nupcial’, que é suposto vestir. Quer dizer, agora já não podem entrar ‘todos’; porquê? Como é que se pode resolver ‘esta questão’?… Para nós é evidente que o Filho nunca pode contradizer ao Pai. Ele próprio, Jesus, o afirma muitas vezes no Evangelho… Portanto, a única via correta para compreender isto já foi apontada no ‘diálogo’ anterior: trata-se do ‘TREINO’ ou, melhor, “PREPARAÇÃO”… Então, agora só podemos interrogar-nos: Poderá haver alguém que – no reto uso da liberdade e da razão humana, iluminadas pela luz da Verdade – seja incapaz de se deixar trespassar – ou “revestir” – pelo “traje interior” que lhe “capacita” para poder saborear, gozar, conviver… ser Feliz com os Outros?… Fica para pensar e refletir até ao limite em que o “Mistério” permitir! — Resta-nos apenas, Senhor e Pai nosso, confiarmos na Tua bondade e misericórdia infinitas, e nunca fechar-nos à fé!

 

[] – ANTÍFONA(S) (~ ‘Mantra(s)’):

() – «O Senhor vos dará o Espírito Santo. Não temais! Abri o coração, derramará todo o Seu Amor» (2).  Ele transformará as vossas vidas e vos dará a força para amar. Vivei na esperança, Ele vos salvará!

() – «Pai, procuro o Teu Amor! Pai, volto a Ti! Olha, que Teu filho sou! Pai, volto a Ti!» (2)…  

 

«TEXTOS» À LUZ DESTA PALAVRA

[ do Papa / da Bíblia / Outros ]

— Papa Francisco –

 Acerca de:  A parábola das núpcias reais.

«A parábola fala-nos do Reino de Deus comparando-o a uma festa de núpcias (Mt 22, 1-14). Protagonista é o filho do rei, o noivo, no qual facilmente se vislumbra Jesus. Na parábola, porém, nunca se fala da noiva, mas de muitos convidados, desejados e esperados: são eles que trazem o vestido nupcial. Tais convidados somos nós, todos nós, porque o Senhor deseja «celebrar as bodas» com cada um de nós.

As núpcias inauguram uma comunhão total de vida: é o que Deus deseja ter com cada um de nós. Por isso o nosso relacionamento com Ele não se pode limitar ao dos devotados súbditos com o rei, ao dos servos fiéis com o patrão ou ao dos alunos diligentes com o mestre, mas é, antes de tudo, o relacionamento da noiva amada com o noivo.

Por outras palavras, o Senhor deseja-nos, procura-nos e convida-nos, e não se contenta com o nosso bom cumprimento dos deveres e a observância das suas leis, mas quer uma verdadeira e própria comunhão de vida connosco, uma relação feita de diálogo, confiança e perdão.

Há um último aspeto que o Evangelho destaca: o vestido dos convidados, que é indispensável. Com efeito, não basta responder uma vez ao convite, dizer «sim» e… chega! Mas é preciso vestir o costume próprio, é preciso o hábito do amor vivido cada dia. Porque não se pode dizer «Senhor, Senhor», sem viver e praticar a vontade de Deus (cf. Mt 7, 21). Precisamos de nos revestir cada dia do seu amor, de renovar cada dia a opção por Deus».

[ Papa Francisco – Homilia – (15.10.2017) ]

 

 

// PARA outras REFLEXÕES AFINS:  http://palavradeamorpalavra.sallep.net