– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo A – Imaculada Conceição – 08-dezembro)
“SONHO” DE DEUS?… PLANO DE AMOR!…
Claro que Deus, desde a origem da Criação, apostou na liberdade humana, liberdade que Ele idealizou e criou!… E Deus é o único Ser que nem pode falhar… nem pode “arrepender-se” do que alguma vez fez!… Nunca se lamentará de ter feito o homem livre!… Portanto, e continuando a contar sempre com essa liberdade humana, capaz de fazer as maiores “asneiras” mesmo na origem (!), prometeu – logo no início daquela origem – uma outra obra maravilhosa, capaz de restaurar, com mais excelência, com mais Amor, aquele seu “sonho primigénio”… E é curioso, o Seu sonho inicial tinha nome de mulher, tinha cor feminina!
Pois diz a Escritura (na Palavra desta Eucaristia / Gn 3 /1ªL.) falando ao Maligno: “Porei inimizade entre ti e a mulher… A sua descendência esmagar-te-á a cabeça e tu a atingirás no calcanhar”. E assim, Deus começa a mostrar e a demonstrar que a única força eficaz está na energia do débil e fraco, onde Ele age sempre para confundir o forte. Até porque a tal “descendência da mulher” é, nada menos e nada mais do que o Seu próprio Filho, JESUS – feito carne de mulher – onde se manifesta a debilidade da divindade… Deste modo quis Deus recuperar e restabelecer o seu Plano de Amor, aquele “sonho eterno” que a liberdade humana estava empenhada em torcer e deturpar. Sim, porque é tão só a força débil (?) do Amor primordial que consegue “sujeitar”(?) a vontade humana, sem diminuir nem tirar a sua liberdade… E voltamos a ser filhos, no Filho, restituindo-nos a verdadeira liberdade, dado que, n’Ele, tínhamos sido “escolhidos como filhos antes de criação do mundo” (Ef 1 / 2ªL.).
E uma vez que Deus continuava com aquele “sonho tingido de azul feminino” (a contracorrente da “sociedade”!?), eis que, ao chegar o Tempo previsto, aparece – da Sua parte – um mensageiro, que fica extasiado perante a “aura de mistério” que envolve aquela menina-mulher, e não pode menos de saudar: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo!… Porque achaste graça diante de Deus…» (Lc 1 / 3ªL.). Mas que história é esta de “achar graça”? Onde é que está “a piada”?… Exatamente isso mesmo! Qualquer um de nós, se pensarmos minimamente, perante essa maravilha inaudita de uma criatura humana ter escapado à regra geral dos comuns mortais que somos gerados com a marca do mal… não poderá menos de exclamar abismado: “Olha que grande piada, que coisa fascinante, que profundo mistério de Esperança para todos nós!”. Pois, claro, Deus foi o primeiro que «achou graça»! E, por reflexo, também aquela rapariga, de nome Maria, «achou graça» a Seus olhos! Porque, afinal, “graça” não é outra coisa que amizade, e estima, e favor, e encanto, e ternura e… “sedução”!
Evidentemente, “o sonho” vai continuar sempre… até que apareça aquela“mulher revestida do sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça” (Ap 11). Essa Mulher que – pelo infinito Amor de Deus a todos os homens! – terá sido e será sempre a «Conceição Imaculada» ou “Nossa Mãe da Conceição”.
É bem verdade, Senhor:
quem foi resgatado da morte e voltou à vida,
quem foi restituído à sua condição original de filho,
agora já só conhece “o cântico novo”,
pois o cântico velho passou, ficou esquecido…
E assim, nós convidamos todos os povos
a entoar e cantar este Cântico Novo
para proclamar, Senhor, as maravilhas que Tu operaste…
A começar por aquela maravilha primordial
que, já na Tua mente omnisciente, Senhor,
seria Concebida Imaculada e pura…
A nossa vitória – a Tua e a nossa –
foi obra da Tua mão e do Teu santo braço;
e assim, deste-nos a conhecer a Salvação,
ao recordares, ó Pai – Abba! –,
o Teu “sonho” de Amor Eterno.
Que todos os confins da terra possam ver
a Tua prodigiosa Salvação…
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai! …
[ do Salmo Responsorial / Sl 97(98) ]
5 Dezembro, 2013
HAVERÁ UMA OUTRA ALTERNATIVA!?
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo A – 2º Domingo do Advento)
HAVERÁ UMA OUTRA ALTERNATIVA!?
Já ouviram falar daquele Império – real e verdadeiro! – onde as crianças pequenas brincam com as cobras mais venenosas, e até os bebés chegam a meter os seus dedinhos na toca da víbora… e nada de mau acontece?… Claro que, nesse mesmo Reino, os lobos vivem com os cordeiros, as panteras dormem com os cabritos; os bezerros e os leãozinhos brincam juntamente; as vitelas e as ursas pastam lado a lado enquanto as suas crias dormem juntas; o leão come feno como o boi… E todos eles são pastoreados por um menino!… Coisas todas inauditas, inacreditáveis neste mundo real e material em que vivemos… não fosse a Palavra de Deus a descrever esse estado de Paraíso, numa outra dimensão… Paraíso real e verdadeiro para o futuro, porque já tinha sido real no passado, e porque já acontece realmente no presente, algures, lá onde o mal e a destruição não existem por todo o monte santo do Senhor… (Is 11 / 1ª L).
Perante isto, a postura mais fácil é: ignora-se, pura e simplesmente, ou rejeita-se como algo irreal e fantasioso… É a atitude “normal” dos que entram na corrente desta sociedade – isso sim, real e material, sobretudo “material” – e se deixam levar ao sabor das modas e do consumismo, nunca permeáveis à fantasia da Fé. Sim, porque afinal a fé também é fantástica, sem deixar de ser razoável!
A nós, portanto, calhou-nos viver neste presente, aqui e agora, e não no tal paraíso que já foi nem no paraíso que será. E somos conscientes, neste nosso tempo e contexto, que a nossa vida está exposta a contínuos riscos pelo facto de vivermos imersos nesta sociedade que é a nossa… Mesmo quando tentamos seguiro caminho certo, evitando as veredas tortuosas de que nos fala a Palavra, continua a ressoar nos nossos ouvidos todo o tipo de “cantos de sereia”, para seduzir os nossos sentidos de modo a prosseguirmos pelos caminhos largos do prazer, ou então para percorrermos as sendas de sempre, que nos levam a… parte nenhuma. Mas, uma coisa é certa: nunca poderemos dizer que não fomos avisados de mil maneiras pela Palavra – Palavra de Amor – para estarmos de olhos abertos… Aí está o alerta da semana passada, por exemplo!
E desta vez é o precursor João Batista – também ele vivendo noutro mundo irreal e fantástico? – vestido de pelos de camelo, a comer gafanhotos e mel silvestre e a clamar desde o deserto com palavras revolucionárias… Porque também ele não está de acordo com aquela sociedade, tão real e materialista quanto a nossa de hoje, cheia de veredas tortuosas, habitada por certa “raça de víboras”, povoada de árvores estéreis que serão cortadas pela raiz e deitadas ao fogo porque não prestam para mais nada… (Mt 3 / 3ª L.).
Esta linguagem – “chocante” – convida-nos à “conversão”, ou seja, à “viragem de direção e sentido” nos nossos caminhos; a endireitar as nossas veredas tortas, até sermos, de verdade, batizados no Espírito Santo e no fogo. O caminho, agora, é-nos traçado pela “voz” do Batista mas também pela “carta” de Paulo: Porque só “através da paciência e consolação que vêm das Escrituras teremos esperança… E só acolhendo como Cristo Jesus acolhe, e servindo os outros como Ele serve, é que podemos ter os Seus sentimentos; e assim conseguirmos glorificar a Deus, numa só alma e com uma só voz” (Rm 15 / 2ª L.).
Mesmo que atualmente, Senhor,
tanta coisa do nosso mundo não nos satisfaz…
Ainda que nos envolvam as injustiças
e nos queiram penetrar os excessos…
temos desde já, ó Deus, aquela firme Esperança,
nascida da fé e da fantasia, da razão e da utopia…
Temos a Esperança que gerou em nós,
desde o Batismo, o fogo do Espírito,
capaz de contemplar, já no presente,
o que “ainda não chegou mas já é”,
porque o gérmen está em nós a crescer:
o Teu Reino, Senhor, de Verdade e de Vida…
o domínio pacífico do Rei que vem por dentro,
deste Filho do Rei que rege com justiça,
– desde o centro mesmo do nosso ser –
no Amor, na misericórdia e na paz…
Assim, ó Pai, Abba, amigo de todos os homens,
em Ti encontrarão compaixão os fracos e pobres,
defesa e libertação os oprimidos…
Em Ti serão abençoadas todas as nações da terra!
[ do Salmo Responsorial / Sl 71 (72) ]